sexta-feira, março 13, 2009

Torben em Segundo rumo ao Horn

Diretamente do Blog do Murillo:


E o raio vai cair duas vezes no mesmo lugar. Não é que depois da famigerada zona de alta pressão que elevou a emoção a mil na VOR, está surgindo outra “pedra” imensa no caminho de nossos herois. E ela vem associada com uma baixa nascente como da outra vez. Passar por cima, ou por baixo? Eu não me arrisco de novo!

O fato é que o líder inconteste
E3 já deu uma boa freada e o E4 e o Puma chegaram nos caras. Mas nada assustador para o momento. O interessante é notar que os reis nórdicos da ousadia de outrora, agora navegam conservadoramente e marcam a flotilha. Quem será que vai correr o risco de se desgrudar agora?

Na tabelinha está escrito neste momento:
E3 a 4048 milhas da Guanabara, E4 a 116 milhas dos caras; Puma a 149; Dragão 422 e TeleAzul 779. Dureza!!



Vamos às palavras do comandante. Primeiro a de anteontem e depois a de ontem. “Aqui, embora com as mãos meio amarradas para disputar com os nórdicos em função da ótima carona que eles pegaram num sistema climático favorável, estamos satisfeitos com nossa posição e um pouquinho mais aliviados por estarmos, nós também, com ventos mais favoráveis depois do sofrimento que foi o contravento interminável que se seguiu à nossa passagem pela Nova Zelândia.

Nosso barco surfa a média de 20 nós direto no rumo, em lugar dos 11 que fazíamos antes, que com o ziguezague do contravento equivaliam, na verdade
, a uns 7 nós em direção ao objetivo.

Ainda falta muita água para o Cabo Horn, e essas condições podem mudar e termos a chance de encostar um pouco nos nórdicos, mas na verdade o importante para nós em relação ao geral da competição é que estamos à frente de nossos principais adversários até o momento - sendo que um deles, o Tele Azul, está enfrentando problemas.

Daqui a pouco entraremos no 25º dia de regata. O maior período que tinha passado a bordo até então haviam sido os 24 dias em uma regata Cape Town-Rio , aliás minha primeira regata oceânica de
longo curso. Na verdade, esta etapa é tão longa que ficamos meio sem noção de tempo. Ainda falta mais de um terço... Acho que depois do Horn, quando começarmos a subir a costa, aí sim vai dar uma sensação de que estamos nos aproximando um pouco mais. Embora se navegue normalmente muito longe da costa, ao fazer a navegação não tem como não acompanhar o que está se passando.

Acabamos de passar a marca de 5.000 milhas para a chegada. Ainda é longe pra chuchu, mas é melhor do que 12.300..."

Já ontem a coisa estava do seguindo tamanho por lá:
“Más noticias...Parece que a condição meteo antes mais favorável esta mudando para pior e vamos ter condições parecidas com a que encontramos depois do scoring gate na NZ. Alta pressão, que teremos que contornar pelo norte ( com uma baixa forte em formação ) ou pelo sul.

De qualquer forma , no momento um bocado de contravento envolvido e algumas merrecas também. Ainda pode mudar de novo, é claro, mas algo esta errado com essa etapa. Nojeeento!

Esta madrugada, esqueci de contar antes, tivemos de fazer uma marcha a ré por conta de um tubarão que ficou preso a quilha. Diz o Dave, que olhou a quilha, com a fibra ótica, que ele tinha aproximadamente uns 1,5 m. O cara ficou dobrado na quilha fazendo uma turbulência enorme ( estávamos
a 20 nós ). Não deve ter sobrevivido o pobre coitado.

A temperatura a noite dentro do barco é de 10 graus, no convés, com o vento, bem pior. Muita condensação, mas não podemos usar nosso aquecedor pois com o aumento de tempo da perna temos que economizar diesel. O aquecedor veio só passear...

Ainda bem que já estamos acostumados. No Brasil 1 também não tinha.

Acho que vamos nos juntar todos de novo. Os Nórdicos já estão esperando... Dragão e Azul virão embalados numa grande frente. Bem, vamos ver o que disto tudo se confirma”. Eu aguardo ansiosamente!!